Sempre que pedimos um crédito, seja ele de que natureza for (pessoal, automóvel, à habitação…), o valor que vamos pagar à entidade financeira, através do pagamento das prestações contratadas, nunca diz respeito apenas ao montante financiado. Hoje vamos falar do MTIC.
Na verdade, unicamente uma parte de cada mensalidade é usada para abater ao valor em dívida, sendo o restante utilizado para pagar juros, comissões, impostos e outros encargos. Aliás, isto facilmente se percebe através de uma simples operação: experimente multiplicar o valor de uma qualquer prestação de um financiamento que tenha neste momento a decorrer, pelo número total de mensalidades contratadas. O resultado é um montante bem maior do que aquele que lhe emprestaram, certo? Pois bem, este montante é o MTIC, sigla de Montante Total Imputado ao Consumidor.
O MTIC é talvez o valor mais importante a reter na hora de contratar um crédito, pois diz respeito à quantia total que vai sair do bolso do cliente durante a vigência do mesmo. Este valor engloba o montante financiado mais os juros, impostos, comissões de abertura, pagamento ou outras aplicáveis, seguros, e ainda o spread, se estivermos a falar de um crédito à habitação.
Tendo esta informação como base facilmente se depreende que, para calcular o MTIC de um crédito, basta somar todas as variáveis envolvidas no mesmo. Porém, este valor tem obrigatoriamente de estar presente na Ficha de Informação Normalizada Europeia, cujo fornecimento ao cliente é obrigatório por parte de qualquer banco ou instituição financeira. É neste documento que constam todas as informações sobre o crédito em questão, sem exceções.
Vamos pegar num exemplo simples para calcular o MTIC:
O João vai pedir um crédito automóvel no valor de 12000€, que pretende pagar num prazo de 5 anos, ou seja, 60 meses. A taxa de juro nominal desse crédito é de 8%, a comissão de abertura é de 200€ mais imposto de selo, e as comissões mensais de cobrança são de 1,5€ mais imposto de selo. De acordo com estas condições, o MTIC será de 15222.32€. Ou seja: o João vai pagar os 12000€ por si solicitados, mais 3222,32€ de custos de crédito.
O MTIC pode e deve ser utilizado para comparar diferentes propostas de financiamento. Muitas vezes deixámo-nos enganar à primeira vista por prestações aliciantes derivadas de prazos longos, porém uma análise mais profunda acaba sempre por revelar a verdade. No final do dia, pouco importa se a prestação é maior ou menor (desde que esteja dentro das possibilidades da pessoa em questão, claro); o importante é o montante final. De nada vale ter uma prestação baixa num financiamento a longo prazo, quando as comissões de cobrança vão ser enormes, por exemplo; se calhar, mais vale optar por pagar em menos tempo e poupar nas comissões e nos juros, pois assim o MTIC será menor. Faça as contas e, acima de tudo, exija a documentação obrigatória que lhe é devida, usando a mesma a seu favor. Não se iniba de ler as letras pequenas: muitas vezes a informação mais relevante está lá…