Se tem por hábito manter-se atento a tudo o que diz respeito à economia nacional, certamente ter-se-á deparado com uma ou várias notícias respeitantes à mais recente alteração das tabelas de IRS a partir de julho 2023.
Ora, como temos consciência que nem sempre é fácil interpretar a informação referente a este tema, decidimos abordar as mudanças operadas e perceber no que é que as mesmas se traduzem na prática.
O que são as tabelas de IRS?
IRS é o acrónimo de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, e as suas tabelas indicam o valor da taxa do mesmo, que é aplicada ao rendimento bruto dos contribuintes. A variação das tabelas ocorre de acordo com a fonte dos seus rendimentos, o seu estado civil, o número de dependentes, ou a sua condição física (se possui alguma deficiência ou incapacidade). De forma sucinta, quanto maior for o seu rendimento bruto, maior será a taxa a cobrar, sob a forma de retenção na fonte; isto significa que é a entidade empregadora que procede ao pagamento do valor a reter, sendo o mesmo calculado na altura do processamento salarial.
O que mudou nas tabelas de IRS a partir de julho 2023?
O segundo semestre de 2023 inaugurou um novo modelo de cálculo da retenção na fonte, que vai vigorar até ao final do ano. De acordo com o mesmo, é agora implementada uma lógica de taxa marginal, em que se conjuga a aplicação de uma taxa incidente na remuneração mensal com a dedução de uma parcela a abater. Na prática, isto traduz-se numa menor dedução mensal, e no consequente aumento do valor líquido que os trabalhadores afetados recebem.
Porém, desengane-se quem achar que esta medida é um benefício direto dado pelo governo: o que vai acontecer é que os trabalhadores descontam menos e recebem mais, mas o valor que recebem a mais é subtraído ao que iriam receber através do reembolso do IRS, em 2024, caso isso se aplicasse. Se, pelo contrário, forem pagar IRS, vão pagar mais, porque também receberam mais antecipadamente. No final, todas as contas têm de bater certas, e ninguém passa a receber ou a pagar nem mais nem menos.
Exemplos práticos
De forma a dar a conhecer alguns cenários que mudam, o próprio governo dá alguns exemplos:
Um trabalhador solteiro, sem qualquer dependente e com um salário bruto de 1.000 euros, depois de pagar a Segurança Social e da retenção na fonte, recebia, até julho, 778€; partir de agora fica com mais 16€. Se, por outro lado, o salário bruto for de 2000€, a remuneração líquida passa de 1362€ para 1374€, o que corresponde a um aumento de 12 euros.
Já um cidadão casado, num agregado com dois titulares e um dependente, auferindo um salário bruto de 1000€, recebia cerca de 805€ líquidos, mas agora passa para os 815€; no caso de um vencimento bruto de 2000€, e depois de pagar as contas à Segurança Social e ao fisco, a subida verificada é de praticamente 24€, resultando num total de 1395€.
Apesar do valor acabar por ser residual no final do mês, pense como poderá utilizar esse montante para fazer algum tipo de amortização nos seus créditos, ou reforçar as suas poupanças.