Muito se tem falado nos últimos tempos sobre a taxa Euribor, assim como sobre as consequências que a subida da mesma tem tido no orçamento das famílias portuguesas. Apesar das diversas opiniões e experiências que ouvimos diariamente, será que a sociedade sabe mesmo o que significa este importante indicador?
Nas próximas linhas vamos abordar, de uma forma simples, tudo o que diz respeito à Euribor, com vista a esclarecer as dúvidas que ainda possam assolar a mente dos consumidores nacionais.
O que é a taxa Euribor?
A palavra Euribor deriva de Euro Interbank Offered Rate. Como a própria tradução indica, é uma taxa de referência que resulta da média das taxas de juro dos empréstimos efetuados entre bancos da Zona Euro.
Pode então dizer-se, em linguagem simples, que a Euribor é o preço atribuído pelos bancos ao dinheiro.
Esta taxa varia diariamente, com base nos movimentos dos bancos europeus com mais atividade, e quem a define é a Federação Europeia de Bancos. No seu cálculo excluem-se 15% das taxas mais altas e 15% das taxas mais baixas, de forma a conseguir-se obter um valor o mais preciso possível.
Euribor a 3 meses, a 6 meses… O que é isso?
Em Portugal as maturidades da taxa Euribor mais comuns são a 3 meses, 6 meses e 12 meses. Apesar de não serem as únicas a existir, são as mais referenciais, logo vamos usá-las como exemplo.
A maioria dos créditos à habitação nacionais estão indexados à Euribor a 6 meses. Isto significa que, de 6 em 6 meses, o valor da prestação é revisto e atualizado com base na Euribor dessa altura, mantendo-se igual por período semelhante, independentemente da variação que o indicador possa sofrer entretanto. A mesma lógica é aplicada nas maturidades de 3 e 12 meses.
Qual o impacto da taxa Euribor no crédito à habitação?
A esmagadora maioria dos portugueses tem créditos à habitação com taxa variável, o que, por si só, é sinónimo de volatilidade. Este é um dos motivos pelos quais a seleção entre taxa fixa e taxa variável deve ser bem ponderada aquando da contratação do crédito, o que muitas vezes não acontece.
Num contrato com taxa variável, o valor da prestação do crédito à habitação é baseado no montante em dívida e respetivo prazo contratado, assim como na taxa de juro. A taxa de juro define-se através da soma do spread fixo (margem de lucro do banco) e da Euribor (independentemente da maturidade), esta última resultando da média mensal relativa ao mês anterior ao contrato de crédito. Com esta fórmula em mente, facilmente se percebe que, se a Euribor subir, a taxa de juro subirá também. Resultado: o aumento da prestação mensal.
Vamos observar este exemplo rápido: num crédito à habitação de 150 mil euros a 30 anos, a prestação média com a Euribor a 1% seria de cerca de 550€, contudo, uma Euribor de 2% implica a subida deste montante para os 630€. Se esta taxa chegar aos 3%, a prestação mensal ascende aos 720€…
O cenário atual não deixa antever uma data para a taxa Euribor voltar a valores mais simpáticos. Vamos ter de continuar o esforço aplicado até então, e aguardar por medidas que, de uma forma ou de outra, aliviem um pouco a pressão exercida pelo mercado atual.